sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Eu vi seus olhos



Eu vi seus olhos no espelho,
olhos vermelhos,
turvados, confusos,
ressaca chegada ao mar

Eu vi seus olhos cinza
como chumbo, noite fria
Olhos de alma sangrando,
chorosa e vazia

Eu vi seus olhos âmbar
Resinosos, aromáticos,
mistérios encrustados,
furtivo olhar.

Eu vi seus olhos meninos
De rua, sem casa,
sem teto ou chão
Vazios, com fome,
perdidos num mundo
vão.

Eu vi seus olhos certeiros,
disparam num só piscar
tiros de um gatilho ligeiro

Eu vi seus olhos inertes,
folhas lançadas ao léu
Tristes sombras rodopiantes
viúvas enroscadas no véu

Eu vi seus olhos, estremeço,
pois retinem como metal
Ressonantes lembranças,
um humano e frágil cristal

Eu vi seus olhos a brincar
Tamanho o meu espanto,
olhos de criança, 
doces olhos,
centelha viva a soluçar.


Joice Furtado - 03/02/2012


Às vezes o olhar que vemos no outro é o nosso próprio olhar. 

Os olhos mentem dia e noite a dor da gente. 
O anjo mais velho - O Teatro Mágico

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