terça-feira, 27 de março de 2012

O bufo real


Hoje vejo que o preconceito possui muitas faces. Todas elas tão sujas e podres igualmente, exalando sua fragrância fétida composta por nada mais que: estupidez, ignorância, irracionalidade e autoritarismo.

Nada ecoa mais alto que o ódio provindo de um coração preconceituoso. Impossível esconder a falta de caráter e total baixeza mascarada em polidez de um ser assim. Está certo que no teatro são usadas muitas máscaras. Sentimentos e emoções são caracterizados de forma perfeita por seus imitadores, treinados homens e mulheres na arte de representar. Porém, no teatro da vida, o maior deles, onde cada dia matamos um leão, batalhamos para não sermos manipulados como marionetes articuladas tendo cordinhas movimentadas pelo grande Gepetto, o ventríloquo mor, ego inflamado pelas chamas do inferno e do seu comandante, o próprio, criador de casos e assassino dos sonhos humanos. Esse que veio para matar, roubar e destruir, passando como rolo-compressor sobre os de má índole, suas montarias preferidas. Cavalos xucros, com corações soberbos e muita, muita sujeira na mente. Sim, os que escondem sua sujeira debaixo do tapete são os piores porcos, os mais cretinos, os quais estão tão enfezados que seus ventres começam a inchar. Incham e incham como sapos boi, aqueles bichos esquisitos e desengonçados que adoram uma lama e comem moscas achando ser o mais requintado manjar. Seus ventres com toda essa merda presa, ou melhor, para eles é bolo fecal, costumam não suportar, então, toda a sujeira sai pela boca, mascarada em palavras finas. Um chocalhar de guizos imitando bodes em correria. É, esses são os famosos: Eu sou melhor que você!  A minha barriga é cheia de merda igual a sua, só que a minha barriga é ilustre enquanto a sua é só mais uma barriga. Bufos, assim são chamados esses animais da lama. Nome que também carateriza um personagem bem comum nas histórias antigas, o qual fez parte delas, o bufão ou bobo da corte. Funcionário da monarquia, seu papel era entreter os reis e seus súditos, companhias fiéis e não tão fiéis assim. Era considerado desagradável, pois apontava de forma grotesca (rude) os vícios e características da sociedade. Os bufões, com suas línguas ferinas, mordazes locutores, só calavam o seu discurso quando lhe cortavam a cabeça. Com ironia, mostravam as duas faces da realidade, revelando as discordâncias íntimas e expondo as ambições do rei, baseados em suas próprias iras, seus próprios preconceitos arraigados e ódio a tudo que fosse contra a sua altivez.
Os sapos boi de hoje são patéticos como sempre foram esses anfíbios. Patéticos, porém, necessários à sociedade, uma vez que sem eles não teríamos a quem nos comparar, não teríamos como aprender a não seguir tais caminhos.

Pensarei duas vezes antes de julgar alguém pelos meus conceitos.

Joice Furtado - 27/03/2012

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