quinta-feira, 19 de abril de 2012

Afiada



Prisioneiro é do passado
alimentando ódio, ressentindo
abelhas zunem nessa mente
enxame de maribondos em seus ouvidos

Olha o horizonte e o mete na cartola
Chora e se lamenta
Remorsos, só remorsos
escombros de misérias na lama
putrefata entranha de delírios e desmesuras
Grita alardeando suas próprias besteiras
desequilíbrios mascarados em ternura

Bêbado
Refugia-se em orgulho, trono fecal
latas e mais latas, consumindo
anos apegados nesse sorriso
Frouxo
Tresloucado e nada-amigo

Espera que venha e lhe entregue
as chaves de suas algemas?
Engano cruel

Rompo da alma as grandes 
resolvo, por mim, os estratagemas

Espera e espera em vão
A arte da vida é lutar,
mas de si é o próprio ladrão

Carrega amarrados às costas
Defuntos em decomposição
Corporal
de sentimentos estranhos, mui desonras
mortos acumulam-se em sua prisão
Egoísta!

Veneno de víboras espalhado
pela língua ferina de um degredado
homem-meio-bicho
Senhor de si não menos, perdido
entre alucinações de bem-sucedidos

Seus guiços chocalha ameaçador
De longe passem desavisados 
Num bote salta destilando peçonha
extingue os sentidos desse
É mais um pobre-coitado!

Gotejam suas afiadas presas
há males que emporcalham veramente a vida
pingam a mortalidade da não-defesa
Consomem-se os olhos, velha aparência 
 ressequida pele
Marcas da patética e mentirosa
danosa ferida

 navalha suja
Cortando outrem com contaminações próprias
apropriadas injúrias

Joice Furtado - 19/04/2012

1 comentários:

Luna Di primo disse...

belos, estes são os versos mais difíceis de se escrever por possuírem uma carga pesada e invisível a atingir o emocional...bjuu