segunda-feira, 16 de abril de 2012

O reflexo

Foto: Ultradownloads

Chego ao fim derradeiro, perplexo
Olho-me fixamente no espelho
Minha face triste e vincada
cabelos brancos esparsos, emoldurados
Sobre meus pensares, mente surrada

Hei de resvalar ainda, Natureza
Fugir-te arredio, passando rasteira
em tuas cruéis e numerosas armadilhas

Voltar-me-ei à morada festeira

Nós, humanos, sempre introspectivos
medindo tudo: a nós, aos outros, cada passada
perdemos, ó desgraça, a mais tenra vida
pelo mundo de enganos, fechamos os olhos
e os abrimos, estupefatos, ao fim da caminhada

Perdemos quando pensamos ganhar, travadas lutas
discussões e balbucias entre iguais
Enquanto andamos pela margem da estrada
há quem caminhe pelo meio dela, tornando-se imortais.

***

Que será a poesia a não ser esse sonho dito
Intranquilidade por dizermos mais
junção de letras, sílabas, palavras em frases
estrofes que galopam no espaço, brincando no infinito.

Joice Furtado - 16/04/2012

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