sexta-feira, 4 de maio de 2012

Patinando



Quem sabe eu tenha perdido a mão 
ou o jeito? 
Quem sabe os dois de uma vez só
numa dessas esquinas
por onde passam minhas sandálias,
calçados de plástico,
patinando nas calçadas lisas
da mente em ebulição?

A banda podre da maça era para mim?
Pois é! Pergunto-me enquanto minhas
sandálias escorregam nesse piso
desmotivador, armadilha
entre os frisos que me mantem de pé
uma sanidade reservada aqueles momentos
quando a mente divaga, parada na faixa de pedestres
feito louca o olhar perde-se e penso:
O que estou fazendo aqui?

Lembro-me de ser assim desde criança
Minha mãe tinha medo quando meu olhar se perdia
Eu instropectiva menina em meu reino
Observador

Os tempos passam, a inocência esvai-se
pelos dedos das mãos, dos pés também
o caminhar incessante dos sonhos
sonhadores perambulam em cada cidade
em cada rua ou calçada feito essa

Essa resenha onírica
que não se submete, ainda que seja preciso
um certo comodismo irritante
apavorante que lhe destrói o cérebro
em convulsões inglórias
Queria a minha própria anarquia
talvez eu a destruísse
É que destruir padrões torna-lhe mais sincera
sinceramente preciso

O que hoje em dia é pouco reconhecido
faz as pessoas mais naturais
não imitadores do realismo
Sinceridade

De um pouco-muito inconformismo para viver
Viventes seres são assim
Detestáveis perante alguns olhos
ainda que olhar seja impreciso
para quem enxerga subjetivo

Mantenho esse efeito-suspensivo
medida contra outros conflitos
pajelanças genéricas de emoção
medicamentosas tendências
baratas, bichos nocivos

A palavra ainda é o remédio
a cura de muitos, em alguns veneno
morte para hipocrisia!
Segure-a enquanto ela quiser
estar segura, pois cavalo selvagem
dará trotes
Mostrando não pertencer, ainda que o domem
continuará com a mágoa de livre ser
suas manifestações vivas nas planícies
indeléveis do existir
sentir e crer

Enquanto isso, observo a banda passar
comendo chocolate para abstrair

Joice Furtado - 04/05/2012

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