As mãos entrecruzadas
passeavam qual mariposas
entorpecidas pela flamante
voejando pelo caminho encantado
ilustração do belo em linhas
finas delicadamente formadas
As mãos não se continham
de tal modo agitadas e sensíveis
saboreavam os pelos, pores-do-sol
fins de tarde nas costas nuas
luas avistava mui lindas
chamavam-nas total atenção
os montes da Vênus, sagrados picos
florestas esparsas figuravam ali
loiras, róseas, fronteiriças matas
mananciais brotavam naquele leito
de pedra lisa, aprumada e sedosa
as mãos enxergavam, visão sobre-humana
dedilhavam o calor advindo da alma
apanhavam Calor-fios com terna emoção
Viajantes mãos deliciavam-se
em suas faces, fantástica viração
cores espargidas naquele lugar de sonho
ouvia a música sensorial através do bosque
ecoando as ninfas em canção
calorosa pelo ar úmido e perfumado
Aquelas eram as mãos mais felizes
quais outras jamais existira
mãos conhecedoras de tudo, amavam
am(antes) nunca igual conheceram
AconCheguem-se versos
delineadoras
palavras
Romeiras mãos, (pele)grinas
por caminhos, curvas, distâncias únicas
admiradas da paisagem, faguei(rosas)
fotografavam toda direção
retinas insólitas
Diária peregrinação
Joice Furtado - 23/06/2012
Faço paisagens com o que sinto.
Trecho do Livro do Desassossego - Fernando Pessoa
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