sexta-feira, 17 de agosto de 2012

No quarto da Vênus


Deitada sobre a cama, ela olha o teto. Vê as pequenas ranhuras na cobertura de massa corrida. Imagina figuras fantásticas saindo das cortinas que se balançam vigorosamente. O quarto em penumbra é o seu esconderijo, sua morada de calmaria frente às agitações do dia na cidade. Cidade grande, cheia de semáforos, ruas e avenidas espalhados como um formigueiro - pivetes, sacoleiros, taxistas, bancas de jornal em cada esquina, bares e restaurantes, prostitutas, apitos, buzinas, cheiros, cinzas. Naquele ambiente caótico, sua mente era o refúgio, a cura para a agitação e stress causados pelos maus-humores dos pedestres que lhe empurravam pelas calçadas e a calma necessária para suportar as horas de ônibus, metrô e trem que precisava apanhar com a finalidade de ir e voltar para o serviço. A cidade por si só era uma Selva, o que a fazia lembrar da música Welcome to the Jungle, memória que lhe causava risos,  ria sozinha enquanto caminhava por aquela calçada suja e com buracos a cada 5 passos. O inferno talvez fosse esse caos urbano, esses idiotas que fazem de tudo para "arrancar um" de alguém, os pobres que se digladiam em busca de um local para morar, as balas perdidas no metrô, a morte e vida que caminha. Infernal é a angústia que causa nos seres, a depressão e opressão nos trabalhos formais e informais, o ódio, a raiva, o murchar de uma sociedade que nunca chegou a ser flor e, sim, escrava de si, dos seus lamentos e mágoas, da cobiça desenfreada e manipuladora. Essa sociedade, a nossa locomotiva maluca. Esperança, alguns não sabem mais o que significa;.A mesma esperança termina quando se deixa de acreditar nela. A cada noticiário pode-se assistir ao desespero causado pelo caos - os assassinatos, a prostituição infantil e exploração sexual de crianças por adultos pervertidos. Não que a perversão seja um defeito, claro, perversões com aqueles que as apreciam, que as adulam, mas não com seres ainda incapazes de tomar decisões por si mesmos. Algumas situações são mesmo de pirar a cabeça, que o diga os diversos loucos espalhados nesse grande centro, os profetas do asfalto com seus ensinamentos de paz e amor, suas histórias de abandono e violência familiar, sua tristeza infinda. Naqueles momentos, sentada no banco do ônibus, apertada pelos peitos de uma senhora que tentava se segurar no apoio do assento, ela divagava. Percorria a infância, a adolescência e a juventude, principalmente a juventude, quando se descobrira intensa, vigorosa em seus anseios, determinada em tudo que fazia. As experiências durante aqueles anos foram as mais significantes de sua vida. Agora com 35 anos de idade, ela relembra e o prazer percorre seu corpo feito ondas de calor, tão chamejantes que lhe molham as peças íntimas em qualquer lugar, até mesmo naquele ônibus onde os peitos da referida senhora sufocavam-na mas, ao mesmo tempo, despertavam um sentimento promíscuo, uma vontade louca de se encostar mais e mais, conhecê-los desnudos, balançando em sua frente. Não que se deleitasse em mulheres, havia apenas a curiosidade, a fantasia. Por toda a adolescência foi recatada, tímida e mansa feito um cordeiro, nunca uma santa, já que seus desejos afloravam como gotas de orvalho sobre as flores no período da manhã. Ingênua, não se permitia tocar pelos garotos que afastava com empurrões e comandos negativos. Fazia isso, enquanto a mente crescia em disparates, em provocações e indecências de todo tipo. Tranquila, guardava dentro de si as histórias mais indecorosas e sensuais as quais recorria ao se deitar na cama sob os cobertores, no banheiro, sentada quieta em qualquer lugar. A mente humana quando se dá ao desejo não pode ser contida, é um manancial que se solidifica, fica ereto, tal qual os membros frente a pequenas provocações. Chegando em casa naquele dia, depois de imaginar mil e uma obscenidades dentro do ônibus e, também, ao caminhar pela rua, retirou a roupa do trabalho, banhou-se e, ligando a TV, deitou-se completamente nua em sua cama. As imaginações vinham feito filmes pornôs, os quais ela não assistia a muito tempo por achar mecânicos demais e lhe causarem certo desconforto. Preferia imaginar, visualizar interiormente, inventar o que tivera vivido e algo mais. Naquele momento, lembrou-se dos encontros que mantinha com o vizinho em sua cidade natal. Nessa, haviam muitas fontes de águas, cachoeiras e rios onde o povo costumava banhar-se o ano todo, até mesmo no inverno. Ali em sua cama, esse esconderijo profano, longe dos olhares curiosos e da companhia do marido. Ali, sobre os lençóis que cheiravam sabão em pó floral, sua peregrinação mental começou. Lembrou-se da juventude quando ia se banhar no rio próximo a sua casa e, aproveitando a oportunidade, volta e meia marcava encontros com os garotos para irem também. Certa vez ao ir se banhar no rio, era verão, estava distraída tomando sol sobre as pedras lisas quando foi surpreendida por um dos garotos com os qual costumava se aventurar, um garoto da escola, juntamente com uma de suas colegas. Ao abrir os olhos percebeu os dois se beijando e acariciando de forma um tanto quanto volptuosa. Eles continuavam tocando-se e Ísis, como se chamava a nossa protagonista, reparava os seus gestos de paixão e desejo. Lembrou dos momentos com aquele garoto, Marcos, naquele mesmo rio; odiou e, ao mesmo tempo, sentiu um desejo extremo por Lívia, a colega de colegial e vizinha que acompanhava Marcos. Continuou observando os dois e viu quando Marcos desceu as mãos pelas costas de Lívia, retirando o seu sutiã e atacando vorazmente os seios juvenis rosados que pareciam dois pêssegos em seus formatos. O rapaz sugava os seios de Lívia e ela soltava gemidos tão ardentes que Ísis não se cansava de escutar, ver, sentir aquela vibração majestosa no ar. De repente, Marcos pressente que alguém os está observando, vira-se e vê Ísis sobre as pedras na margem oposta do rio. No mesmo instante, avisa Lívia que estavam sendo observados, mas que não haveria problema, pois a garota em questão já era conhecida sua. Lívia ficou meio ressabiada, mas não se importou muito. Disse: - Vamos continuar, deixe que ela veja você foder comigo. Marcos disse: Tenho uma ideia melhor. - Vamos até ela. Lívia replicou: - O que? Ao que Marcos respondeu: - Sim, nós vamos lá falar com ela. Lívia ficou invocada e falou asperamente: - Mas eu estou pelada, nós estávamos em um momento tão bom, continuemos. Deixe ela só ver. Não estou acostumada a essas novidades. Marcos disse: Não se faça de santa. Sei que você gosta de se esfregar nas outras garotas lá do colégio. Disseram-me que vocês tomam banho juntas e se lambuzam todas depois da aula de ginástica.  Lívia disse: - Lá é diferente. Estamos a sós, somos amigas e confiamos uma na outra. Aqui é aberto, alguém pode nos ver. Marcos balançou a cabeça e em tom sarcástico disse: - Você quer tanto quanto eu! Lívia, corou o rosto e disse: - Então vamos! Será que ela aceita? Marcos, com uma gargalhada pronunciou apenas: - Uhum! Você vai ver.
Ísis percebeu que os dois vinham em sua direção e ficou confusa imaginando o que estavam fazendo. Eles vinham do jeito que se encontravam: Lívia com os peitos lindos para fora e Marcos só de cuecas brancas que, a essa altura, estavam transparentes, mostrando o seu pênis moreno ereto. Ao se aproximarem de Ísis, três passos antes, Marcos falou: - O que está fazendo aqui?, ao que ela somente respondeu: - Não dá para perceber? Estou tomando sol. O homem se aproximou dela e disse em seu ouvido: - Sei que você estava olhando a nossa transa e imagino, porque eu lhe conheço, que está doidinha de tesão. Ísis, com ar de deboche disse: - O que você fazia com ela já fez comigo muitas vezes. Grande coisa! Marcos segurou o braço de Ísis de uma maneira pouco agressiva e disse: - Eu fiz sim e todas as vezes que eu fiz você gostou tanto que me ligava no outro dia para falar que se masturbava pensando em mim. Ísis continuou provocando Marcos com palavras de desprezo até que ele a puxou para si sob o olhar atento de Lívia, que se roía de inveja e desejo. Ísis disse: - Agora você pega mulher a força? Ao que Marcos respondeu: - Não é preciso força e, logo em seguida, abaixando a calcinha dela, olhou e viu que estava completamente encharcada. Marcos com o pênis extremamente duro e latejante, aproximou-se daquela buceta molhada e encostou o pau duro nela ao que Ísis disse. - Hummm!!! Ele continuou provocando, passando a piroca em sua vagina que, de tão molhada, escorregava. Nesse momento Lívia disse: - E eu? Vou ficar só olhando? Eu quero também Marcos. Esse, disse: - Ísis, você aceita que ela venha. Ísis, arfando e já com as pernas semi-abertas disse: - Venha Lívia! A moça quase tomou um tombo ao subir apressada na pedra lisa onde os dois, Marcos e Ísis, já estavam se beijando e lambendo, e o moço esfregava em Ísis "seu material do bom", pau moreno e duro, latejante, completamente alucinado de tesão feito um cão no cio. As duas cadelas, ops, assim Ísis gostava de ser chamada quando estava fazendo sexo selvagem com um cara. Ela nunca tinha experimentado transar com uma mulher a não ser as sacanagens junto com suas primas dentro da piscina, quando tocavam uma a outra e se olhavam com malícia, depois se esfregavam na hora de dormir. Naquele momento, ao se aproximar de Ísis, Lívia logo correu aos seios da jovem, seios de bico marrom-claro, tão diferentes dos seus, mas interessantes do mesmo jeito. Lívia sugava a colega e gemia, sua buceta já escorria mesmo com a calcinha ainda. Lívia gemia e gemia, passava a mão por Ísis enquanto Marcos a penetrava fortemente. Ao chegar em sua seu púbis, Lívia vê o pênis de Marcos penetrando a vagina rosa de Ísis, ao que estremece e, em um solavanco só, retira o membro e o coloca na boca. Ísis vê a atitude da colega e a pega por trás, retirando a sua calcinha totalmente molhada e abocanhando a buceta já tão úmida e deslizante que o gosto era inebriante e a sensação de consumir a colega fazia com que seu peito ardesse. Assim ela mordiscava o clitóris e apertava a bunda de Lívia que gemia, contorcia-se e chupava o pau de Marcos desenfreadamente. Marcos então manda as duas que se virem para ele, de quatro, visão tão fantasticamente sensual que lhe deixou atordoado, então elas atenderam a esse comando mais que depressa. Dessa forma, Marcos olhava as duas por trás, uma com aquela vagina rosa, outra da cor de jambo, moreninha e sem pelinhos, as duas preparadas, lubrificadas e piscando feito estrelas em uma noite clara. Marcos não se conteve e colocou primeiro em Lívia, segurando em sua cintura e mexendo de forma compassada, sentindo o calor úmido daquela vagina jovem, indecente, comendo o seu pau com toda satisfação possível. Ísis olhava o prazer no rosto de Lívia e lhe acariciava os seios, beijava-a e falava coisas promíscuas em seu ouvido, mordia a nuca da colega que acolhia os arremessos de Marcos, empinando a bunda bem firme, assim, Lívia soltava palavras desconexas e se balançava cada vez mais no encaixe do pau de Marcos. As mordidas de Ísis iam aumentando, ela arranhava as coisas da colega e se pós debaixo dos dois onde lambia o clítoris de Lívia enquanto Marcos penetrava, tirava o membro e colocava na boca de Ísis que chupava o pênis, soltava-o e continuava chupando com gosto a buceta da colega que gania de prazer. Ísis, malandra, colocou o dedo no ânus da colega e o movia devagarinho. Nesse exato momento, Lívia gozou forte ao mesmo tempo que se contorcia. Ísis a apertou contra si e esfregou a buceta com toda vontade na colega arfante. Marcos, não se fazendo de rogado, aproveitou e, como ainda não tinha gozado, tirou Lívia de cima de Ísis e, abrindo suas pernas ao alto, colocou o pau e socou com todo tesão. Ísis pedia mais e ainda chupava os seios de Lívia que lhe acariciava e dizia o quanto Ísis era gostosa e linda. Marcos via Ísis se masturbando, beijando a colega, apertando os seus seios enquanto movia o quadril de encontro ao pau dele. Ao segurar firme os seios da colega nas mãos e os chupar, Marcos derramou o gozo dentro de Ísis, gemendo bem alto e ainda arremetendo para deixar tudo dentro da safada. Ísis sentiu o gozo de Marcos, um gozo morno que lhe acalentava as entranhas, continuou se masturbando e puxando o pênis do cara para dentro de si. Depois de alguns minutos em que Lívia a ajudava, Ísis gozou escandalosa e sensualmente, com um gemido longo e tremuras que lhe subiam pela barriga e braços. Os três abraçaram-se, beijaram-se, logo em seguida lavaram-se no rio e se despediram. Aquele dia ficara marcado na mente de Ísis, Lívia e Marcos, jamais se veriam da mesma forma. Encontravam-se às escondidas pelos cantos do colégio, nas ruas desertas, em motéis. Transavam entusiasmadamente e se descobriam, satisfaziam-se de maneira mútua. Talvez fosse amor. Marcos dizia que adorava as duas, que não ia conseguir viver sem elas, que eram suas princesas, a satisfação do seu corpo, das suas mais ardentes fantasias. Passados os anos de colegial, o clima entre os três foi esfriando. Ísis encontrara um jovem em uma viagem e se apaixonou por ele, esse que ainda é seu companheiro atual. Lívia e Marcos não prosseguiram. Ela foi para outro Estado fazer faculdade de Medicina e ele se tornou Músico. Os caminhos dos três cruzaram-se literalmente, porém, depois daquela aventura Ísis nunca mais reviveu o ato triplo. Como ela mesma pensava: Havia tornado-se careta e mulher de um homem só. Quando pensava nessa frase ria e exclamava: - Mulher de um homem só, mas com muitas Lívias, Marcos, Claras e Marias na cabeça e, principalmente, nos dedos e brinquedinhos que adorava.

*


Exponho-te o desejo manifesto
néctares úmidos entre-pernas
incandescentes 
somos nós
fricção e aperto
provocando o lampejo
elucidando vínculos
somos o vinco
o corte queimante
mais que amantes
somos Tudo
e o mundo assim habita
em gozo que se sente
do umbigo faz taça
percorre a barriga
esperma sobre peles
caminha
alisa e não mente
sobe à cabeça
em ondulações quentes

perdido estás
navegante atônito 
voraz importa-se aperta
da Vênus o Triângulo

hummmm!!!
Joice Furtado - 16/08/2012

O Chão é Cama

O chão é cama para o amor urgente,
amor que não espera ir para a cama.
Sobre tapete ou duro piso, a gente
compõe de corpo e corpo a úmida trama.
E para repousar do amor, vamos à cama.

Carlos Drummond de Andrade


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