quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O mal interior

Foto: Erwin Olaf

Corre a espalhar incêndios
escondido na neblina
promove insetos
rastejantes
os quais inflamam
o olhar das trevas
que habitam
suas profundezas

as mazelas do açoite
quem irá vislumbrar?
corta a carne
fatia toda e estilhaça
língua
um mal bem-vindo

suga os excrementos
modela seus anseios
desesperadamente

as mãos no talo do orifício
todos os seus indícios
posso contemplar
e odeio

com todas as forças humanas
desumanas também porque sou rato
medonho e sujo
sou o impuro que lhe agrada
a pornografia da madrugada
sou a anti-lei messiânica
caridade só aos leais

e você é um brinquedo de cordas
dou-lhe aos corvos em honra
seus olhos aos magistrais
miolos no vômito de trouxa
pois de tudo debocha

você que se diz satânico
beija a face do canhoto
sabe quanto escroto
é esse balançar?
de cabeça, pernas e membros
todos equivocados

Vamos lá!
Conhece o diabo?
ele também lhe conhece e ri
da palavra de fogo na língua
do desgraçado
degredado de si e confuso
conheço meus frutos
nada-social a crueza
a própria malvadeza
percorre minhas veias

todo o descaso do mundo

Joice Furtado - 15/08/2012

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