sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Tens fogo?

Foto: Pierre Roger

Abri o portão da mente
desabotoei o inconsciente
Mergulhei nos olhos
profundezas oblíquas de mim

Encontrei o espasmo
um revolto claro-escuro
diário
danificado e absurdo
reivindiquei a paz

distante peito de criança
os sorrisos e a inocência
deixados para trás

Sorri ao entusiasmo
levantei-me do charco
a roupa suja é meu sinal
defesa-lembrança constante
eu, um ser errante
sou livre afinal

assim canto ao meu canto
recito nesse recinto
ressentindo o que é verdade
herdades que deixo
pensamentos soltos
no plano astral

apanhadora de sonhos
de letras e quimeras
pássaro, puta ou donzela
sou minha, sempre minha
amor que me enleva
subo às alturas

Escavei meus poços
uma de tantos esboços
risco meu desenho
figura por figura
caracterizo-me ser
bem mais que criatura

apaixonada
feita de lágrimas
de sabores
tonturas
de eus
de nós
de breves
de sempres
quietudes
cismas
ainda menina
menina não mais
mesmo que alma
seja o que quiser
fada, poeta, bruxa
sinistra, confusa
viajante do mundo
Mulher

*
... Ame-se Mulher!

Joice Furtado - 24/08/2012

— Tem fogo?
Isso lá é jeito de chegar numa dona, conversar com uma senhora, hein, seu isso e aquilo, que pensou ter atingido a sabedoria? Mulher tem que ser abordada com vinte e cinco canhões de bolhas de sabão, princesa e flor do oriente, rosa de incenso, filé minhon da parte esquerda do meu cérebro, abre os braços, isto é, os pássaros, isto é, faça-se a luz, paradise me now...

Mulheres - Charles Bukowski - em Agora é que são elas de Paulo Leminski

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