domingo, 30 de setembro de 2012

Lombada

Foto: TriggerBug.co.uk

A poesia veio-me
sim ela veio
por onde eu nem sei
nem vi
quando entrou
era a lombada
na rua, na lida diária
uma topada só
distraída tropicou

eis o susto
ela refinada
olhava-me com aqueles olhos
grandes olhos
... para enxergar melhor?
ainda pensei

quando sussurrou
como proferiu?
que absurdo!
em meus braços
dedos que a seguravam
olhos, pensamentos
entrelaçados

Vi-a
quão e tão completa
eu lombada
nem conhecia pedra
no caminho
asfalto mesmo
instantâneo
ela chegou
de surpresa era poesia
uma máquina!

Joice Furtado - 30/09/2012

As voltas

Foto: Dani Sanz
Eu te amo
entrega ou renúncia
alternativas escolhas rimas
ao toque das mãos

Eu te amo
cada minúcia
tua
na pele colada
cartas escritas
por anos
por horas
segundas intenções
previstas

Eu te amo
com lágrimas nos olhos
nos cantos onde sigo
teu cheiro
das cordas e fibras
coração

Eu te amo
enCanto melódico
um ser pródigo
volto
reitero os ditos
florescem em mim
em cada estação

Eu te amo
chegada e chegada
a partida já se foi
um dia chegada
hoje para sempre mora
lugar que me volta
volteia em sonhos, fantasias
choros, sorrisos
avolumam-se crescente rio
de nós, das fugas, do que era
e agora?
mais eu vivo sim
claro tente
Viva!
... com minha lembrança

Joice Furtado - 30/09/2012

Costa

Foto: Inmagine
Molha meus olhos
lábios, pernas
entremeios
és mar
vem e volta
e tudo que vejo
ma(i)s
ainda te sigo
vibrando em notas

... perfume na memória
ondas dos cabelos
soprados junto ao rio
lavrados
teus dedos em meu corpo
tua costa

Molha meus olhos
alegria facilmente
ouço-o em cada rota
que faço, refaço
aqueço sentimentos
inVentre olhares 
trocas num beijo

persiste por anos, horas, meses
minutos
ei-lo cada segundo

nesse peito coração
vibra toda fibra
soluçam meus (a)pelos
presente estás

renovando a canção

... continuo Avida
Joice Furtado - 30/09/2012

sábado, 29 de setembro de 2012

Dos luminares primaveris

Foto: pinterest.com
Tarde de primavera
olho a janEla
sorri pra mim

Joice Furtado - 29/09/2012

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Poéticos ramos


Árvore da romã
planto
searas do devaneio
Só sei que amo

Por que canto?
achego-me ao rio e pesco
banho-me
nos cristalinos olhos
de lágrimas e alegria
sementes do Universo

Reparei o céu
reflexo contido
na superfície de mim
suscitei-me alívio

flores de cereja
balanço-me e vivo
amoreira

e(s)tendida em reinícios
ainda e sempre
românticos ramos 

Joice Furtado - 28/09/2012

Texto revigorado baseado no poema  "Aquela cor romã" 

Desconcertos

Foto: Web
Ao descontar um grão
desconcerto
dir-lhe-ão em aperto
apuros
olhar perdido
de nós todos

nessas paragens
também noutras
a dor do só
grita, xinga
rouca

volta a si mesma
carrega
enfastia
o ódio, a desumanidade

... então caminha

aprende a amar
administrando
espaços repletos de tudo
contendo 
danos quase nada interiores

Joice Furtado - 28/09/2012

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Canto dos céus

Imagem: Tanya Jacobsz

Arranha-céus!
doridos
chuva intermitente
gemido

dor instintiva
emblema
no peito fixo

Arranho-céus!
deslizo
por ondulações minhas
tão minhas
dores

sou feito de amores
esmago eus
ainda arisco
domo sentidos
guardo promessas

med(u)sa tenta converter
subverter sentimentos
em pedra, pó de lira
sopro estrelas
nestes olhos de baleia
peixe do abismo

Arraigado espinho
decepo
dissipo olhos de lágrimas
enxugo com lenços 
palavras

flores no caminho
desabrochando
sobre a pele
e todo Canto
arranha
Céus

deles provêm

Joice Furtado - 26/09/2012

Encadeamento

O ralo borbulha
penso
a mente borbulha
ins-tan-tes
complexos giros
rede-moinhos de vento
sapos, angústias, saliva engolida

a volta ao mundo
per-plexo 
o ralo circunda
... borbulha

Joice Furtado - 26/09/2012

Foto: Inspirationfeed.com

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Tombados homens

Foto: Brian M Viveros

Onde estão os homens?
Os homens
soturnos e abomináveis canhões
Onde estão?
disparam a torto e a direito
frustrações e despeito
leito de famintos vermes
desentupidores de vasos


Ah sim!
Onde estão os homens?
Os homens
esquálidos potes de conserva
preconceitos por décadas
acham-se superiores
escarram em rosto alheio
tombam seus fracos joelhos


Onde estão?
Os autoritários e partidários
da miséria, corrupção e pobreza
companheiras humanas
tantas sanhas eles mantêm
sob a coberta da moralidade
matam, estupram, perpetuam leviandade
mentes cada vez mais idiotizadas
adolescentes grávidas
jovens 'aviões' caem
em cada esquina


já se foi a época da ingenuidade
já se foi e o que resta
insetos na sociedade
fáceis de exterminar
caos
essa negação
olhos cobertos com piche
das auto-estradas
óleo combustível e fumaça

o homem?
esse já se foi e a pior graça
a estúpida comédia
persistem os discursos
pão e circo
lixo mais lixo
acumula-se 

os 'interiores' já se foram
ficaram sacos vazios
estopas sujas
notórias máculas
arrotando austeridade


Joice Furtado - 24/09/2012

Ipê choroso

Imagem: Web

Embaixo do Ipê
rosa(s) sombrinha(s)
ca(e)m
câmera lenta

... as flores choram
o chão borbota
tapete (e)motivo



Joice Furtado - 24/09/2012

Espaços de nós

Foto: Megaphoto

Salto no espaço
de nossos corpos
nus
íntimos
conhecedores


a mente emerge espasmos
carícias leves
caminhos contornos
pinceladas na tela
emoção


cílios sonantes lábios
expostos minimalismos
mimetizamo-nos
colados troncos
viços no leito
pétalas ruborescentes


Salto no espaço
de nossos corpos
amor


olhar concentrado
meio sutil
idas e vindas
anoiteceres nos braços
frescor
primaveril

Joice Furtado - 24/09/2012

Rasgados desejos

Foto: pinterest.com
Poemas rasgados
corações tingindo
matizes
grandes aquarelas

nos olhos, na boca
peitos, ouvidos
pelos eriçados
atravessando vales
gemidos

Poemas rasgados
na cômoda e cabeceira
dentro de gavetas
dormem as letras
desejosas pela luz
do dia, da janela
com cortinas de rendas


Poemas rasgados
traços de quimera
guardo ela, ando nela
amo-a
rasgo a mente
estraçalho momentos
não abandono ao mofo
escuro medo sem ti


Poesia

Joice Furtado - 25/09/2012

Vermelho

Foto: ZsaZsa Bellagio 
Vermelho é o gosto
o ato
de fato
um beijo
morango


Vermelho é o efeito
exposto eixo
radiante sexo
atrativo mosto
embebedar-te-á
nas ligas compridas


Vermelho é o êxtase
entreaberto corpo
despudorado
exalando amores amoras
do semblante não casto

Vermelho é o desejo
ruborizando o rosto
branco pano
branco guardanapo
tingido por lábio

Vermelho é o mistério
a fúria e anelo
dá-lhe corteses agrados
Vermelho quente
Vermelho sente
na mente um estardalhaço

Vermelho é o
grito
rito
místico


passeando pelas veias
vermelho corrente
amante meu
sol no Atlântico
pondo-se às minhas costas


Vermelhas
lendas das fendas
caldas de cor
guerra sangrenta não.
prefira Amor!


Vermelho

Joice Furtado - 25/09/2012

Escalas de cor

Foto: pinterest.com
esparge as tintas
febris aberturas
abotoa texturas
colorais


Pátina
Craquelê
Tie-dye


camaleoa sentires
nada camuflados
mistura ousados
valores sobrepõe
escalas quentes


do Himalaia aos trópicos
Guiné Nova
estampa nos olhos
versos transparentes
arcos de íris
nos cabelos Brasis
esvoaçantes

desejos fixados
com sal
óxido e niTrato
reaViva as tramas


sobre os tecidos deita
água em abundância
e sol
a medida certa


Joice Furtado - 25/09/2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Abre-te

Foto: Vadim Stein

Abre minha pele
minha carne
entranhas

com fogo e lírios
Abre
o fascínio 
e derrama

meus poros
sobre os teus
exatamente repletos

Encarnada
fruta em gomos
degusta
dos pés ao céu
da boca, d(a)orta

Chama
reclama comigo
mas abre por fim
tudo que se move
entrega, respira, anela
acima e abaixo dos trópicos
umbigo é o marco aqui
arranha latitudes
horizontalmente

escancara meus ais
renegamos os tais
inquisidores
provoque mais ardores
Abre 
cabem em mim as tuas confissões
nada é todo o mais...

Joice Furtado - 21/09/2012

A dança da poesia

Foto: Marina Sturino
Quando duas
mãos
perpendicular dança
direita e canha
expressão


Vária(s)
coladas palmas
dos desejos mil
voos viadutos
muros esquinas
ideia, papel, caneta
poesia retinta


dispara o gatilho
brilham olhares
eleva estima
estigmas esfacela


egos inflados
superfaturados preços
a se pagar
máxima prestação


ela livre
vai e vem com todos
amarrada nos ossos
impregnada paixão


grita alto
libera orgasmos
não desce do salto
simplicidade revela


... aquilo que há de melhor

Joice Furtado - 21/09/2012

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sinfonia natural

Foto: Olivier Ramonteu
Quem me garante
o fio da meada
o palheiro da agulha
fagulha por dentro

Ah! Quem me garante
a volta para casa
a resposta bem dada
lambida no lábio
superior
também inferior


Quem me cerceia
dividido está
cruz da espada
sorte ou azar
difícil conter
meus pensamentos
pedradas garantidas

Quem me garante
o abrir do olho
o gozo prolongado
cheiro
deito nesse corpo
espalho
malho
desmaio lutas interiores
são os lugares melhores


sequer um tal
olho de soslaio
conhece


Quem me garante?
Pois é!
Somente eu
caráter
formador de mim


Sinfonia natural

Joice Furtado - 20/09/2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Arrasto

Foto: Ximo Lizana

jogo a rede no espaço
desejosa que lhe alcance
lanço atrevidos ditames
fluidos percorrem
minha alma olores

enfraquecida arrasto
palavras mal concebidas
e as suas onde estão?
nos braços das raparigas

tomam do leite 
comem com desprezo esta carne 
arrotam azeites seus
imagino

corrupções mil nestes braços
no chão da sala, sofá ou quarto
mastigo os desejos oferecidos
lanho costas enquanto ofegas
desprendo os pudores

reconhece a cortesã
nunca santa, o desvario
tonteando sua mente
procura meu arquejo em outros
mundos, outros orifícios
vício s(eu) recanto

sinto o gosto
das amarguras, tremuras
fodas pouco aproveitadas
os corpos frios em sua boca
não rogada
que cospe em sepulcros de esperma
esses não o aconchegam

suspiro
o meu canto é assim poeta
pássaro intranquilo
profusão de ais platônicos
não mais

Freud que o diga

Joice Furtado - 19/09/2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A maçã


Imagem: Marina Podgaevskaya


Degusto aromas
absorvo
memória abstrata
mulher 

mordo a maçã
sedenta
venenos assimilo

armando bote
ereta
víbora como
até o caroço
gozo

na superfície calma
ondulando ao toque
expressivo
olho e alma
hipnotizo

danço sobre a mesa
entre copos e poemas
alcoólicos

embriago angústias
transo as horas
não perco o tempo
vou com ele

Joice Furtado - 18/09/2012

A cínica vaidade

Imagem: Irina Todorova
Olhos cansados
lágrimas brotando
pedaços de mim


os cacos de vidro
perfuram-me espinhos
fincados na pele
sangrando

planta sem água
ressequida
canícula ligeira
cai a vida


cruel desatino
eu monstro-menino
você fada-cretina


sua sina
lida malvista
assassina dos sonhos
meus


esta louca obsessão
achando-se perfeita
paralisa


ímã
(a)traindo o infortúnio
vaidade é cínica


perplexo estou
não há mais rima

Joice Furtado - 18/09/2012

Sabor agridoce


Imagem:. Chris Dellorco

Eu procurei
com a sorte que tem o sedento
em pleno oásis
procurei, deveras sei
da minha busca incessante
olho essa mente, vasculho-a
de alto a baixo
de alto a baixo
sua ausência mortifica-me
encoleriza meus nervos
teimosos 
raciocínios sãos ou lunáticos

Procurei como o caçador
embrenhando-se na mata
ou o ninfomaníaco
medindo as bandas
provando os sulcos
acariciando
milimetricamente 
até o gozo esperado

essa ânsia de lhe ter
sentir as suas fibras
é uma tortura amiga
sadomasoquista perversão

temo não a ter
o temor mata a esperança
você me tenta ao distanciar-se
prendo-lhe a ferros
ciúmes maldito
solto e observo
das asas o bater
suave

vem em minha direção
excita-me demasiado
faz-me sofrer um bocado
é ódio, alegria, paixão

poesia, sim, eu lhe amo
é quase ou toda obsessão
escrita língua
falada, lambida, escorrendo 
diante de mim
jorra meu anseio
falo com tudo que há
aqui dentro

reinvento-me
reinicio esse sistema
materializo, desmaterializo
sonho-me
provo do gosto agridoce
beijo mordido
sabor tutti-frutti

Joice Furtado - 18/09/2012

Mistério acontecido

Imagem: Gianni Bellini
Meus poros acesos
esqueiro de plena chama
a música aqui dentro

irradiam acordes temporais
trançando forte o clima seco
alastram fogos nos capinzais

morros são pães
sonhos cristalizados na paisagem
interior
fuligenados altos em brumas


sistematizo o caos
amor-próprio sim tenho
mais e o sustenho
os pés nas nuvens decerto
é o meu prazer

dele não abro mão
nem pernas ou braços
só a mente por acaso
protejo meu coração
sempre apaixonado


Meus poros acesos
olhos correndo na direção
leva-me a corrente marota
criatura absorta
desejos em vãos, cílios, olhares, bocas
quero e
querer é o começo

mistério acontecido
ser renascido fênix sim
mas humano
contudo que preciso
mais
humano
é o peito enfeitado quando enobrece
com amor
os outros à volta


Joice Furtado - 18/09/2012

Amigos, visitem a minha página. bjusss 


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ohvários mundos

Imagem: Carl Elkins

Hão de haver
entre os mistérios
infinitos das galáxias
atravessando dimensões
sim, hão de haver
ondas que vem dEla

contagiantes gostos
paladar transcendal
mais que um final
novos horizontes
semp(r)e
começos

passando pelo vórtex
oh(v)ários mundos
segundos mais
entrega e desespero
bebo
embriago os olhos
a sua procura

transfigura-me
mutante sou algo
era um talvez
hoje sim
amanhã quem sabe?
continuo

salivando
adoçando meu café da tarde
pouco açúcar, mais amor
mais desejo, mais an(seio)
guardo essa vontade
mesmo quando desabo
ainda está aqui e me fala
sussura baixinho
acordo o dia com
Poesia!

*
se não embarco nEla
corro o risco de ser atropelada na esquina
quando Ela me toma o pensamento

Joice Furtado - 17/09/2012

A guarida


Imagem: Manoj Aryan Photography
Desfolho as pétalas
escorrem entre dedos
bem
me-quer
não me quer
marg(u)arida
eis que surge
sol do meio dia

mar-me-quer
bem mais me quer 
bem
mar
guarida

...

somente em teu coração

Joice Furtado - 17/09/2012

Amorosa frequência


Armei pegador de sonhos
sob a teia deliro
você flutuando no quarto

interceptada frequência
ondas eletro-amorosas
em minha cabeça também...
por todo corpo

Joice Furtado - 17/09/2012

O dedo que meneia


Imagem: Wojciech Grzanka
do fumo vejo as entranhas
estranho Henry
Milhões de fibras capilares
glóbulos efervescentes
vermelhos e amarelos táxis
nas Boulevards, praças, esquinas
fétida, também perfumada
Paris

de fora encaro as entranhas
ideias nefandas peludas
lisas, escorregadias, quentes
lugar que brota gente
semente em semente
esterco do mundo 

observo atento ó caro 
suas palavras tocam o assoalho
cama, mesa, bancos das praças, becos
prostíbulos entre homens e meninos
mulheres da mais tenra à meia idade
Trópico paralelamente
um câncer espalha-se entre as pernas
sociedade desde a existência
lava sangrenta difunde

liberdade mascarada na exarcebação dela
mímica da  hipócrita vida

madames de rabos empinados
passeiam com suas cadelas
uma trepada por um tostão

viva! = as propagandas de cerveja
o corpo sem mente
assimilando esgotos televisivos
futilidades
morra!
dobrando cada quarteirão

da lama menos densa 
ainda lama
contemplo

riem as ienas diante da carniça
enquanto engasgam 
tripas furadas por vermes
cães sarnentos

são todos esses pães bolorentos
fomentando discórdia
apontam o dedo que meneia
para a testa própria 

Joice Furtado - 17/09/2012

Ao cerrar das pálpebras

Imagem: Mark Arian
Encaro essa tarde que me segreda
olhando nos olhos
toca-me o pescoço seus lábios
tenras folhas de primavera
verdes-claro
sol espalhando-se pela ramagem


sorriem as árvores, morros, abelhas
coração selvagem tenho
pedra-cascalho-mato-terra
livre imensidão
cerrando pálpebras imagino

abraço nunca esquecido
cheiro em um milhão
de compassos rítmicos
enlaces de mãos
procura ávida
paixão em desatino


por aqui tudo vai bem
a não se a insônia
chegando pela madrugada


confesso-te meus segredos
em ondas sensorias
ainda te vejo
persigo o perfume nas roupas
reviro a cama


tudo indo
como a corrente que segue
rio de(i)dade


encontro-te em cada uma delas
o amor é isso
mais que um refestelar da carne
sentir a falta no espírito

Joice Furtado - 15/09/2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Eu quero um poema


Eu quero um poema
desejo
que toque suas mãos
deslize pelos braços
pelos arrepie
caminhe até os ombros
chegue aceso ao peito
incendeie

um vivo

poema por momento
todos momentos
eternizo

verso instrumental
ária 
(c)em vozes suspiros
delirantes
apertos
transbordando sentimentos

*


Quer(o) sim, um poema
verso sentido
desejo
que toque minhas mãos
arrepie os pelos
incomensurável poema
cheio de cálidos morfemas
tão simples
porém extremo
olho vívido

a folha branca coloriza
linhas queima
em mim cada pedacinho 


Joice Furtado - 14/09/2012

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pimenta de dedo

Foto: Sea Salt Studios

Tarde fria
o céu são nuvens
a boca saliva
e o coração
sempre ele
indubitavelmente
queima

recomponho
ardores indescritíveis
em poucas-muitas
batidas 
sobre a pele
sob os nervos
sexo

Tarde fria
e o que penso
continua forte
minha pimenta de dedo

picante realça
do corpo o sabor
tempero da alma

Joice Furtado - 13/09/2012

Em xeque

Foto: Piotr Kowalik
quando me dá nos nervos
simples dia não suporto
tão indignado
boneco de corda
um fio abre meus olhos

avexado
sinto, apenas sinto
as mandíbulas que aperto
linha tênue conduz o real
unifica imaginário

choro por dentro
melancólico
sórdidos argumentos ouço
derramo ódios
lágrimas de fermento

massa sou
roem meus ossos
e como é ruim constatar
estou em xeque
rindo das misérias próprias
comovendo-me com as de outrem

Grito
o som sai abafado
feito um gozo adiado
parto
incerto
ah(p)arto ideias
ideais não claros
escrevo
dedos titubeantes
soa meu coração esteio

engulo-me mais uma vez

Joice Furtado - 13/09/2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mastigando palavras

Foto: Surreal Photo Manipulation

mastigo as palavras
remoo verbos
já não encontro significados
pro-movo
perturbada e insatisfeita
encaro a colheita
olhos esfamiados
mente carborativa
estômago que ronca
enfastiado do nada
que ainda sente
vazio


uma gota incessante
pinga da torneira
noite e dia
trocada carrapeta
persiste o estigma
defeituoso


é o mundo de corrupções que habitam os podres-humanos
luto
a batalha contra dragão de duas cabeças
uma puxa para baixo
outra alça voos
cada vez mais elevados


Joice Furtado - 12/09/2012

Artificial caráter


roda barata tonta
cai e sufoca no veneno
própria embrulhada
ferômonios artificiais
os teus enganos

desonestidade à flor da pele
começa desde infância
adulterar sentenças
cavando a cova
sepulcro caiado
as tuas reentrâncias

acoitam mentiras
açoitam quem ama
derrama, derrama
as tripas na toca
semelhantes contigo leva
m(a)dama

nem mesmo prostitutas
dão-se a tal desfrute
tua honra
nem vendida será comprada
degraças e porfias
ascendem dessa carcaça
suja

detestável que infama
maldita fama leve-te
às mesmas ânsias
em vômitos descansa

hombridade ainda é moda
descartável não seja
o empinado sempre tomba
inteligência é entre todos
melhor investimento

Joice Furtado - 12/09/2012

A falta de respeito pelo sentimento alheio é a pior das podridões humanas.

Foiceiros

bato na tecla
tecla
   tecla
      tecla
digito mente
digito livre
digito pensante
dígitos de vida
morte falsária
zeros à frente
direta, esquerda, versar
avante
colecionador de letras
fonemas
vogais
teoremas universais
parabólicas
para-frases
quebra de linha
tecla
  tecla
    tecla
bato bem rente
disparo o invento
ventre cheio de rimas
anima
ânimo
não sigo a sina
sinalizo com dedos
em
tecla
  tecla
    tecla
multimídia
multi-éticas
normas não mais
só as de proveito
nula
   anula
       nulidades 
brain-lock e os tais
digifoiceiros
cortando a cabeça 
o pescoço, punho e língua
aos que se atrevem
o expressar
pensamento

Joice Furtado - 12/09/2012

Para criar inimigos não é necessário declara guerra. Basta dizer o que pensa. 

(Martin Lutherking)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Livres plumas



Foto: Nigel Barker

LoucaMente habito a liberdade
não existem amarras 
laços apertados demais
permissões perniciosas

um buquê de rosas
cálidas
vermelhas, amarelas
no jardim a me esperar
beijo, cheiro, arranho, anoiteço
nos braços de quem me (a)mar

olho-te confusa 
estas vagas deslumbras
cauda de pavão
aperfeiçoa minhas vistas
capricha na imensidão

então mergulho...

de frente, costas, cabeça
sedenta
arremessos sobre ti
sem nenhuma pressa

Joice Furtado - 11/09/2012

Ao cheiro de Calla


Inspira, respira
estremece em rimas
suaves-veementes
atrevidas
mãos deslizam paixões
imediatas ânsias
sobre o corpo vertem

pisca os olhos
bata as palmas
salta
meu coração
beba

desejo sobre desejo
sob a pele que rende
tramas 
delícias de fios

ao cheiro de Calla
encarnado lírio-beijo
agita minha fonte
por tuas carícias 
amor
transbordo águ(a)rdente

vulcão tropical
(e)levo oceano
dentro de mim

Joice Furtado - 11/09/2012

Desaninhado


Foto: Andreas Heumann
Não sei como dizer-te que minha voz te procura
que sinto tanto mais cresce esta lonjura
vontade que atravessa os momentos
montanhas, rios, vales, pensamentos
Não sei como dizer-te e me exaspero
disparo meus versos desengonçados


busco encontrar-te pelos caminhos
olhos que passam pelas esquinas
simplesmente és tu, ó vida, levando meu suspiro
quanto mais desejo, sigo ritmo inscontante
inalterado anelo este que me guia
Não sei como dizer-te e minha voz tremula
bandeira sobre o local mais ingrime ainda figura
são meus olhos a te procurar, minha boca que saliva
és tu marcada em cada parcela ínfima
dizer-te é pouco para expressar
então me deixe mostrar a corporal poesia
a linguagem mais íntima e sincera
mergulhar-me em ti e transbordá-la
da mais ardente entrega


minha voz procura-te
ecoo milhas de milhas
náuticas, quilômetros acima
túneis transcorro, salto os morros
morrendo não, vo(u) sopro
alento-me dessa tua guia
rosa encarnada de lábios sedosos
és tu meu gozo, embalo-te nele também
encharco-te do visgo deleitoso que me arrancas
com luas, anca senhora, seduzes na alcova
jamais deixarei de dizer-te
acima dos mais tristes momentos
em cada lânguido instante em meus braços
amar não é todo sofrimento
ao menos metade
a outra é céu de contentamento
todo êxtase invade minha pele colada em ti


Agora sei como dizer-te da minha voz
corpo, alma, poemo-te em cada sombra
luz, árvore, pedra, quadro, ó ternura
dos olhos meus és a moldura
certo Encaixe!
uma miscelânea deliciosa
junto peças em um quebra-cabeça
estraçalha-me todo esta tua falta


vagueando por imaginárias ondulações quentes
eis que sou pássaro fora do ninho


ConVersa com o poema de Herberto Helder postado por Eduardo Lacerda

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ainda existe o sol

Foto: Peter Henry Rudolph

Impaciência
crescente por crer
persiste
um grande abismo
está lá

onde os olhos fogem
onde a lua morre
e o sol nem cogitou nascer
o horizonte no pensar
é dor, é praga, é fuga

circulo de pedra
sacrifício
um ter sem mencionar
a inconstância
a raiva inerente aos maltrapilhos
ácidos que corroem o íntimo
é ódio, é mágoa, é desatino

perambulando sobre a cabeça
dentro dela, fora dela, entre-meias
sapatos sujos de lama
é ausência, é descrença, é desonra

o caráter forjado na malha quente
fria espada atravessa rente
o coração que arde, que pulsa
impulsos coerentes só tenho
an(s)eio
e nesta auréola a roda dentada
da vida exibe cicatriz re(s)sente 

...

Porém o sol queima ainda
viaja anos-luz 
propaga desejo
surgindo entre as nuvens

*

Joice Furtado - 10/09/2012

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho...

Enquanto houver sol - Titãs

A medida certa de mim


Foto: Vlados

Esse ardor no peito
angústia passageira
eu que me dirijo
automóvel 
combustível explosivo

Assim o que sinto
pressinto e reajo
maltrato pensares
os ares queimo

crio ideias mirabolantes
volante de mim
viro as curvas da mente
chego crescente
do chão levanto

um choro no canto
olhos tristes são marcas
ressaca que vem e vai
tempestade 
também torno ao cais

quem me resiste?
resido no infinito de mim
e por isso faço-me tantas
caráter que consome
alimento e fome
medidas a punho
sobrevivo

força é o que nos faz levantar os olhos
quando à volta o ar é pesado e intranquilo


Joice Furtado - 10/09/2012

Guerra e Paz


Imagem: Brian Viveros
Na linguagem da guerra
inimigo com inimigo
forças unidas
um só propósito

sentidos apurados
degustam entusiasmos
malogradas esperanças
migalhas de lembranças
sangue derramado

ruas tingidas de negro
cinza, rubro-escarlate
vários escombros
o pior dos assombros
é bicho-homem acuado

paranoias, ideologias inventam
histórias mirabolantes 
cabeças com distúrbio original
pintam alucinações em cada muro
aproximam a  loucura do real
despautério 

A guerra só é arte
quando em papel e caneta
usando a mente que aproveita
palavras de ordem e paz

filas de soldadinhos de chumbo
por proteção cometem tanto absurdo
este não é um mundo
é um cela de leopardos 
famintos

por petróleo, água, madeira e gás
consomem dos rins ao cérebro e tudo mais
vermes devoradores da carne humilde
sua voz são balas perfurantes 
arrotam orgulho e ainda palitam os dentes

Joice Furtado - 10/09/2012

domingo, 9 de setembro de 2012

Ondulações


Não sei como dizer-te que minha voz te procura
que sinto tanto mais cresce esta lonjura
vontade que atravessa os momentos
montanhas, rios, vales, pensamentos
Não sei como dizer-te e me exaspero
disparo meus versos desengonçados


busco encontrar-te pelos caminhos
olhos que passam pelas esquinas
simplesmente és tu, ó vida, levando meu suspiro
quanto mais desejo, sigo ritmo inscontante
inalterado anelo este que me guia
Não sei como dizer-te e minha voz tremula
bandeira sobre o local mais ingrime ainda figura
são meus olhos a te procurar, minha boca que saliva
és tu marcada em cada parcela ínfima
dizer-te é pouco para expressar
então me deixe mostrar a corporal poesia
a linguagem mais íntima e sincera
mergulhar-me em ti e transbordá-la
da mais ardente entrega


minha voz procura-te
ecoo milhas de milhas
náuticas, quilômetros acima
túneis transcorro, salto os morros
morrendo não, vo(u) sopro
alento-me dessa tua guia
rosa encarnada de lábios sedosos
és tu meu gozo, embalo-te nele também
encharco-te do visgo deleitoso que me arrancas
com luas, anca senhora, seduzes na alcova
jamais deixarei de dizer-te
acima dos mais tristes momentos
em cada lânguido instante em meus braços
amar não é todo sofrimento
ao menos metade
a outra é céu de contentamento
todo êxtase invade minha pele colada em ti


Agora sei como dizer-te da minha voz
corpo, alma, poemo-te em cada sombra
luz, árvore, pedra, quadro, ó ternura
dos olhos meus és a moldura
certo Encaixe!
uma miscelânea deliciosa
quebra ou não quebra-cabeça
somente me quebra a tua falta

requebra para mim
em ondulações mais e mais quentes

ConVersa com o poema de Herberto Helder postado por Eduardo Lacerda

Mistérios da mata

Foto: Almond Chu
Essa luz ora pálida ora ofuscante
crescendo por entre ramos
ao olhar para as copas diversas
cabeças enfeitadas com halos
um céu repleto de diamantes 

Essa luz de ritmos intensos
mormente é o encantamento
nas retinas infantis ou poetas
qual é a diferença?
engatinho e me seguras as mãos
raio poesia
atravessa certeiro os sentimentos

Escorre das copas feito água
semelhante fadas em teu aspecto
ali dos altos verdes-claros-escuros-amarelos
derrama o calor por fim-
recomeço

Troncos irmãos, irmãs, mães, amigos
em busca do magnífico sustento
espaço aos olhos da criação
vida que circula, transita, ar-terra-ar
os braços tocam-se, folhosos dedos
cada um com seus segredos, histórias
vêem o sol e o contentamento

Infinitas
banhadas mentes de estrelas 
o vapor noturno sobe do chão
impregna tudo a satisfação

sonhos oníricos são fachos lunares
infiltrando-se na mata plena calma
lar de curupiras, caiporas
damas-da-noite à borboletas
Azuis

vaga-lumes e ninfas, anjos
a festa invisível aos humanos
sensível aos sentires 
aquietados ânimos
ouve-se o uirapuru falando
Belo lugar aqui!

guardiões jogam baralho
sobre as pedras das cascatas
mães-d'água no banho perfumoso
desfeitas escuridões tão exatas
são as fantasias causadoras de emoções

Essa luz nos olhos
seja noite ou dia
brilha, rebrilha
Eterna Poesia é o amor à Vida!

Joice Furtado - 09/09/2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Estandarte


Imagem: Peter Henry Rudolph
Conto os dias
palavras e rimas derramo
são deslumbrantes vida e ânimo
flores despertando pré-frutos
todos desejo degustar

poupa doce e sedosa
a letra me adoça
alço as mais íntimas atmosferas
subo montanhas, salto elas

convívio sereno
outrossim possessivo
vigas de sustento
o que como, mais que alimento
torna-me tua massa

abato-me sem este alívio
imaginativa mente
da hábil mão que afaga
as entranhas-coração

misturada neste governo
senhoreio e me domas
bicho arisco fico artístico
finco meus pés, teu estandarte
vai a minha frente

gravada na epiderme
entalhada em meus dedos
espalhando-te feito cores pela extensão
alma etérea-corporal 
sinto-me mais, sento-me à beira do mundo
observo atento concerto magistral

Joice Furtado - 07/09/2012

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O farfalhar dos lençóis



Como se não mais precisasse procurar
hoje sinto-lhe
acordei com você ao lado
envolvendo-me em seus braços
dissipando toda angústia passada

nus olhamo-nos longos instantes
até o íntimo 
esse que engrandece almas

mulher tão ousada 
sempre fui a suficiente
então seu calor tomou os sentidos
reconheci-o pelos poros
tornaram-se parentes
amantes
nenhum incesto nessas frases
apenas amor de pele
de unhas, dedos, umbigos colados
peito nos seios
e o farfalhar dos lençóis suados

nós em nós entregues

Joice Furtado - 06/09/2012

Reza plena


Imagem: Brian Viveros
Andar cabisbaixo na rua
é reza
um apelo frenético
pela infeliz topada

o colecionador de selos
inimigos elos
nada ou totalmente declarados 
chegam sem que os requisite
maldito ócio!

arrastam-se pelas calçadas
riem, choram, amargas
doces, ilusórias almas

e o purgantório existe?
ridículo!

perguntas estúpidas
fraturas múltiplas
ossos esmigalhados
um bocado de pão
esmolas por favor
não!

recuso o sufrágio
este mundo meu todo dia
reergo

andar cabisbaixo é agonia
ou reza plena
até que o peito anime
levantando a cabeça-bandeira
agitada e livre
para longe das mesquinharias 

Joice Furtado - 06/09/2012