terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Luz no fim do túnel


Foto: Visualize.us

Embarco nos sonhos
deliro
minha alma dilacerada esbraveja
respiro ainda

Os dias estão nublados
brumas tenho e me embaraço
os nós ficam frouxos
a eles me agarro

embrulho a dor em papel celofane
vejo-a e ela me vê
minto que esqueço

sinto a necessidade profunda
esmagadora constatação
é hora de ser mais egoísta
Penso:
- a plenitude é para os desapegados 
ou alienados com abastança - 

pagarei as contas? 

Sinto uma pedra na nuca
abaixo a cabeça que pesa: 
insatisfação

amargurada, meus ossos nesses instantes
esfarelo
remoo raivas

paliativa
tomo minha dose de auto-estima
- a que me resta -
junto os cacos de mulher e acendo
luz no fim do túnel

até em incertezas há força na poesia.


Joice Furtado - 29/01/2013

Você entrou no trem e eu na estação...
Naquela estação - Adriana Calcanhoto

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Pasmada dor

Imagem: Kassandra

De cansados pesam ombros
triste reboco
maltratado pelo sofrer
intempéries

mágoa nas mãos
e olhos
chapisco que arranha
minha cara sã

mais louca não posso
engulo o tempo
injustiças embolam entranhas
confundo as coisas

... e de me confundir
volto ao estado caótico
doente, do Ente
Entre a dor(e)pasmo!
a dor(e)Ser

Joice Furtado - 28/01/2013

E os meus passos...




Vou sair pra ver o céu
Vou me perder entre as estrelas
Ver daonde nasce o sol
Como se guiam os cometas pelo espaço
E os meus passos, nunca mais serão iguais   


Busca Vida - Os Paralamas do Sucesso

domingo, 27 de janeiro de 2013

Trágico

Imagem: Simon Siwak

Hoje não tenho vontades
escrevo palavras incultas
sou luto

choro a dor da perda
a minha
a muita

eram jovens, jovens Brasil
vida e luz, não morte

sinto revirar o estômago
esta mente pesa bastante

Ganância, que nojo!
podre entorpecimento

onde vamos?
seres ridiculamente humanos
restritos

Se vale o meu grito,
não o sufocarei:
É triste!

Olhai por eles, por nós
pois ainda existe
quem rogue ao céu
dentro de si

Esperança

Por favor, não se apaguem os bons sentimentos
Reajam!

Joice Furtado - 27/01/2013

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Doces travessuras


Foto: Web
O desejo é lâmina
profundo corte

até mais que sorte
governa
aquela área extensa
entre vida e morte
o sonho!

desperto da melancolia
aniquilo vultos
meu desejo é tudo
equilíbrio

vontade salivando a boca
arde o peito
sinto
imagino as possibilidades
levanto

a lama é lugar dos fracos
pobres de espírito e mesquinhos

louca darei aos sonhos moinhos
combatendo um inimigo 
exerço o pensar - Renasço em ânimo - 
desejo sobre desejo, doce mimo

quimeras mais obtenho
das travessuras perco as contas

Joice Furtado - 25/01/2013

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sedutora natureza

Foto: Becca Kobiety


A rosa no galho
pendia flor entre botões
viçosa

apanhei-a, ó mão curiosa
desrespeitando detive
sedutora natureza

cheirei suas pétalas
- perfume fresco - 
empregnado em min'alma
abrandou-se o anseio

entre folhas eu a pus
quem me dera ao seio
juntar aroma com aroma
recender
os 
cheiros

sonhar sorriso
beijar o céu do céu
ou paraíso

lindo nome não haveria
sobrepujando o dela

canta-me 
ao ouvido
conto-te e me encontro
flor poesia

Joice Furtado - 24/01/2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sonífera


Foto: Ian Crawford
Sonífera
intoxicação dos frustrados
vício reclamatório

todo engole por vez
comprimido sentimento
misturo
raiva e saliva

sou um bicho
acuado e bicho
perverso até certo ponto
bizarro

a moral que poucos têm
sobreviventes são boas ações
os dias são maus
prevalece o desdém

Onírica ilusão menina
chora contos e mágoas
já lhe deram o tapa
também lutar consegue?

feche os olhos
a respiração tornada leve
vida
constipada, contaminada razão
matam-nos o peito e ainda dizem: culpa sua!

Joice Furtado - 23/01/2013

Cartas Vívidas I - Gratidão


Foto: Web

Ei, Lis!


Soube que andava aqui pelo bairro, passando férias na casa dos seus pais, então resolvi escrever essa carta para você. Outro dia lembrei-me das nossas brincadeiras no quintal da minha casa, quando você dizia sermos irmãs, mas separadas para famílias diferentes. - Nós fomos estrelas cadentes, sabe?  Houve uma enchente no céu que levou a nossa casa e agente se perdeu, então saímos a procura dos nossos parentes e caímos aqui na terra em casas diferentes. 
Naquele tempo, eu ficava surpresa com a sua capacidade de inventar histórias tão bonitas. Achava graça e ao contar para minha mãe, ela dizia que você era meio engraçadinha, para não dizer que achava um pouco doida, mas eu não me importava com o que pensavam. Sempre admirei suas histórias e como contava de forma espontânea as mais absurdas invenções. Acho que você fazia isso para superar a tristeza por seu pai ter ido embora de casa. Eu sei como é isso! Agente sente um vazio tão grande ao ser abandonado. Parece que todos sabem que não nos quiseram, que não éramos importantes o suficiente para que aquela pessoa só pensasse nos motivos dela e nos deixasse para trás. Fiquei com raiva do meu pai quando ele resolveu deixar minha mãe, depois de bater nela até ela ficar estirada no chão da cozinha. Minha mãe era uma pessoa boa, fazia de tudo em casa e, mesmo assim, um dia meu pai chegou em casa e quando ela perguntou porque ele tinha demorado na volta do serviço, ele simplesmente a espancou e foi embora. Mais tarde, mamãe descobriu que ele tinha uma mulher lá pelas bandas da periferia e essa mulher havia dado um ultimato a ele: - Ou abandona a sua família ou eu te largo! Meu pai abandonou-nos, mas antes disso, para descarregar a sua frustração de ser comandado por uma mulher, resolveu espancar a mais frágil já que homem covarde é assim - tira vantagem e depois banca o macho. Sempre achei que homem que bate em mulher é, na realidade, um covarde que não assume seus desejos ocultos de ser mulher e desconta a raiva no sexo feminino. Depois de algum tempo, descobrimos que a mulher pela qual meu pai havia trocado a minha mãe, aquela, fugira de casa com o dono da boca do bairro, mas antes disso, espancaram ele na rua em frente a casa onde moravam. Minha mãe não comentou nada comigo quando eu disse isso para ela. Só olhou em meu rosto e disse: - Não fique feliz pela desgraça dos outros! Ele é um coitado!
Não entendi o motivo de minha mãe não ter rido do que aconteceu ao meu pai. Hoje penso que ela se sentiu aliviada por ter continuado a vida sem alguém que não a valorizava. Minha mãe é um exemplo. Nunca mais colocou ninguém dentro de casa, apesar de ter seus namorados, mas nunca os trouxe aqui enquanto eu era criança. Dizia para mim que não queria expor-me a alguém que não conhecíamos realmente, que eu era o seu tesouro e que homem nenhum faria ela passar o que havia passado com meu pai.
As pessoas do bairro falavam mal da minha mãe. Diziam que ela era uma assanhada a qual saía para namorar e deixava a filha em casa. Eu me sentia sozinha, mas não tão sozinha porque eu ficava feliz por ela estar feliz. Os meus colegas de escola, principalmente os meninos, xingavam-me e também a minha mãe. Eu até dei um soco em um deles, motivo pelo qual fui expulsa da escola. Minha mãe ficou chateada, eu sei, mas ela entendeu que eu quis protegê-la, então matriculou-me em outra escola e disse para eu não levar a sério o que os outros dizem, mas ser superior a essas besteiras. 
Cresci com um bom exemplo, pois apesar de tudo o que diziam, compreendia a minha mãe e ela nunca desrespeitou a nossa casa. Mesmo que um dia ela levasse um namorado dela lá em casa, eu continuaria respeitando-a, pois ela se esforçava por nós duas até eu ter idade para procurar um emprego.
Depois que completei meus dezoito anos, construímos um quarto onde eu iria dormir para que minha mãe pudesse ter sua privacidade, esta que ela sempre mereceu. Não fiquei por muito tempo naquele quarto; Logo em seguida, encontrei o meu atual marido e alugamos uma casa no finalzinho da rua. Desculpe pelo desabafo, minha querida amiga. Nós nos afastamos depois que você foi morar na casa dos seus avós lá em Minas. Senti muitas saudades suas e das histórias que contava, até dos beijos que me dava no rosto dizendo que me amava. Pensava em seu carinho quando minha mãe deixava-me em casa para ir até a cidade. Imaginava as histórias que me contava sorrindo. Aquele seu sorriso largo, cheio de vida, embora chorasse por muitas vezes em minha presença. Sei que a vida é difícil para pessoas boas, pessoas que tem o objetivo de fazer o bem para as outras, com sentimento e sensibilidade verdadeira. Fiquei dura com o tempo, mas meu coração não conseguiu endurecer o suficiente. Hoje eu sei que só não virei uma pessoa amargurada porque fui capaz de sonhar, de acreditar que mesmo nos façam mal, um dia tudo de bom que fizemos de bom para os outros será devolvido a nós por forças superiores. Minha mãe ligou para mim e me disse que você tem uma filha também. Realmente, o mundo dá voltas e aqui estou dizendo a você que sempre a amei, minha irmã. A sua amizade foi uma luz em tempos de trevas para mim e, agora é um presente que guardo em meu peito. Sei que deve estar atarefada com os cuidados para sua filhinha recém-nascida, por isso escrevi essa carta a qual entreguei nas mãos de sua mãe para passar às suas. Gostaria que nos víssemos antes que vá embora, mas caso não haja a possibilidade, leve minha gratidão contigo. 

Da sua amiga de hoje e sempre, Pam. 


Ser grato é um dom! Corações gratos não morrem, transformam-se em estrelas luminosas no céu. 

Joice Furtado 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Ar-dorAmor

Imagem: Picfor

"O que é o amor a não ser o avesso do espesso?"
delicado contorno em rubi
duro

adorável 
sentimento?
embora não se classifique
o amor

é rima, pobre ou rica
levanta aos ares e goteja

amor
quem o diz solúvel
cego, por hora, cego
vago conhecedor do íntimo

alheio ao imaterial
esse jamais tocará
parcela de luz ínfima
- flameja no peito - 
tão bela e cáustica centelha

soprados ventos sobre
com toques alimentada
faz forte, grande labareda


Joice Furtado - 22/01/2013

Inspirado no poema - Sobre o avesso da dor - do Guardião de Quimeras blog Mero Esmero

Desejo poético

Imagem: Elena Dudina

Cresce em mim um gosto
gozoso
piscar pestanas
palmas que as quero
deslizantes


anseio genuíno
saliva aguada boca
ardendo o peito em outra
jornada embarco

navego os canais reais-
sonhos
imaginários amo
visualizar mistérios das páginas
preenchidas linhas
desejo


desvendo os olhos
abro-me, parto-me e nasço

recém-nascida vejo o mundo
absorvo, extasiam
poéticos genes no espaço
vida distribuída em meu corpo
preciso
inundar-me de novo, um novo
poeta de fato


águo

... dentro e fora de mim
eis a dupla procura
deliciosa e causticante


Joice Furtado - 22/01/2013

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Busca

Imagem: Drazenka Kimpel

Rebusco a linha
entrevejo olhares
olores, sim


ainda o suspiro
descortesa sigo:
- ne me quitte pas -


chorei por dentro
abandonei-te aos desvarios
homicídio ao qual submeti o sentir


flores nos olhos, nesse seio
estou cega
e aos poucos
isso vejo


falo convulsivamente sobre ti
invento


teu nome é uma canção sublime
lancei-o entre os lírios do jardim
talvez perto brotasse aqui


em mim
os teus sonhos mais risonhos
resolvido-azul
tingindo os céus sobre a mente


supero. Mentira minha!
abando-te a espera
ansiando a tua busca
rebusca-me...


em todo íntimo confessar
aí estou
- ne me quitte pás -

apenas uma canção
eu, amor


AmorEu
hei de renascer
gavinhas enroscadas
firme, apaixonada em teus braços


Joice Furtado - 20/01/2013

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

CorpArte


Foto: Yasmina Alaoui & Marco Guerra

Minha arte é o corpo
meu
quente envoltório 
habita

cores arremesso
pequenos os declives
faço
o mundo onde atuo

A arte é corpo meu
traço
fora e dentro caminha
provoca-me e prova
do mel e carícias

arte-corpo
corpo-arte

CorpArte quero
cada fibra aspirante 
desde o pé às pontas
das pontas dos cabelos

Respiro, suspiro, anseio
amantes somos a todo momento
persigo-te
foges e me encontras
procuro...

rebroto das frustrações 
sei
nascerão flores das melancolias
flores sobre minhas mãos
e dedos, peitos, rosto
... tudo renasce em poesia

Joice Furtado - 18/01/2013

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Tecido Amor


Foto: Andrei Belichenko

Amor tecido
leve sinto-o
por toda parte

Amortecido
doer não mais
sentido tem
dar mole ao azar

jogo de xadrez
em cheque
ou mate
quero a bebida quente!

Amor-te
apaga a esperança
Viva!

ido o tempo
volte as engrenagens da gana
sacuda as folhas
fogueie entranhas
mas cante

há poesia nos véus
e, céus, nos olhos!

transparentes sonhos
nenhumas separações
podem-na conter

Joice Furtado - 16/01/2013

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Alas

Foto: Web

Cataventos
Caracteres
alinhados na mente
sopro

é, vida!

Mordisco teus espaços
espasmos formosos lança
bebo palavras

gole a gole
sorvo as delícias
quão entregue às carícias
ser amoRântico

moléculas unidas
calor com calor faz-se
multiplicam
meus desejos por ti

dada estou
sobre a mesa são cartas
dedos perfumados gotejam fragrância
suspiro lânguido e(is)-
alas poesia

Joice Furtado - 15/01/2013

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A hora (Juana de Ibarbourou)

Foto: Web
Toma-me agora que ainda é cedo
e que levo dálias novas na mão.


Toma-me agora que ainda é sombria
esta taciturna cabeleira minha.


Agora que tenho a carne cheirosa
e os olhos limpos e a pele de rosa.


Agora que calça minha planta ligeira
a sandália viva da primavera.


Agora que em meus lábios repica o sorriso
como um sino sacudido às pressas.


Depois…oh, eu sei
que já nada disto mais tarde terei!


Que então inútil será teu desejo,
como oferenda posta sobre um mausoléu.


Toma-me agora que ainda é cedo
e que tenho rica de nardos a mão!


Hoje, e não mais tarde. Antes que anoiteça
e se torne murcha a corola fresca.


Hoje, e não amanhã. Oh amante! Não vês
que a trepadeira crescerá cipreste?


(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)


La hora
Juana de Ibarbourou


Tómame ahora que aún es temprano
y que llevo dalias nuevas en la mano.


Tómame ahora que aún es sombría
esta taciturna cabellera mía.


Ahora , que tengo la carne olorosa,
y los ojos limpios y la piel de rosa.


Ahora que calza mi planta ligera
la sandalia viva de la primavera


Ahora que en mis labios repica la risa
como una campana sacudida a prisa.


Después… !oh, yo sé
que nada de eso más tarde tendré!


Que entonces inútil será tu deseo
como ofrenda puesta sobre un mausoleo.


¡Tómame ahora que aún es temprano
y que tengo rica de nardos la mano!


Hoy, y no más tarde. Antes que anochezca
y se vuelva mustia la corola fresca.


hoy, y no mañana. Oh amante, ¿no ves
que la enredadera crecerá ciprés?


Retirado do blog Utopia de Maria Teresa Almeida Pina 

Sugestão de leitura da amiga Carmen Silvia Presotto.

D'alma

Imagem: Web
Eu te leio
tateio a tua pele
sentidos exatos
fantasio

curvas da palavra
linhas definidas
retiro a tua roupa
vestimenta célebre

nua aos meus olhos
és forma
descomplicada posa
pousa sobre mim

provo do sublime
fico tonto com mosto
vinho suave tens
quanto gosto

olhar d'alma
não me mortificas, gozo
composta e individualmente
Amo

Joice Furtado - 09/01/2013

Poeira do infinito

Foto: Web
Racional tu me olhas
aborrecem-te os questionamentos
vontades intermináveis
- caprichos tenho -

não sou um bicho
ainda que me cavalgues duramente
pisa sobre as preferências
- faço para ti este tipo - 

dou a chance da vanglória
abraço o teu sorriso
molduro o meu ao teu

velo por prazeres esquecidos
enterrados sem flores
sepultados no corpo insone

a bebida que não toquei
mesmo que a veja
passando por meus olhos
em uma vitrine, o luxo

dispenso aquele mundo
lixo o qual me ofereces tão leviano

Persigo o inesperado
desesperado truque de mágica
esta poeira do infinito na qual tocamos
sim, nela tocamos

estou faminta, mas tu agravas minha fome
nega fantasias a mim que definho
- um esfomeado a beira do prato -

intensa, ainda e sempre intensa
busco aquele pedaço do céu onde recolho
cacos de vida pura, colo-me ao espaço
a poesia me beija e me reveste do novo

a ti um adeus

tenho uma bela roupagem agora
 - minha própria sensibilidade!

Joice Furtado - 09/01/2013

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Película

Imagem: Juan Medina
Eu vejo tudo enquadrado...
quadros de vida
cenas de um filme

passo
repasso
disTraio-me

retrocessos são descontinuidades

aperto o play
respiro o alívio 
dias de oxigênio íntimo

pelas quadras do mundo
células jovens, circulando enigmas
adianto a película

zzzzzz

perco o entendimento
da esférica, por vezes quadrada
também...

caixa de pensamentos

Joice Furtado - 08/01/2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Fios de gentes

Foto: Web
Elas me olham na rua
as pessoas
com seus traços e bocas
e gestos e falas
controversas

são multidões de palavras
aglomeradas em cérebros
outras soltas no espaço
no hospício onde a genialidade
morre a base de ansiolíticos

Sinto que elas me olham na rua
disfarço e balbucio uma canção
talvez daquele filme dos anos oitenta
ou a primeira modinha que venha a cabeça
propagada pela rádio de esquina

O tempo passa e me sinto estranho
histérico talvez, menos tolo
enquanto observo todos olhos
emolduro mosaicos
são gentes? são arcos e retas?
uma régua que meça o destempero
sinto e percebo - sentir é falho

humano que sou - todo enredo
todo espeto de pau de churrasco
momentaneamente aqui no fogo
a carne que me reveste é hábito
mas a mente, essa é a imensidão

eu com todos os eus
todas as faces ocultas e descobertas
lua de quimeras, de loucuras
super-ego, super-bomba
compasso meu relógio celular

tic tac, tic tac
uma dança, mas nem sei dançar

atravesso a praça, abaixo a cabeça
outras vezes encaro seus rostos de vultos
nunca as vi ou suas roupas e calçados

o tempo está nublado hoje, mas eles continuam
ali esperando, esperando o que ou quem?

tic tac, tic tac
junto meus fios soltos, sincronizo o horário

dedos são dados na mesa, na alma, nessa verídica jornada
atomizo-me
opiniões, entendimentos, paixão, amor e as letras
por dentro explodo, desabo
e agora?
Começo tudo outra vez

Joice Furtado - 03/01/2013

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Prazer em conhecê-la!

Foto: Web

Quando saia à rua, tinha o costume de se maquiar e perfumar de acordo com o que pensava estar prestes a acontecer. Colocava pulseiras juntamente com brincos compridos, saias ou vestidos de cores quentes, essas que sempre adorou. Nada muito extravagante para ela, e sim, extremamente feminino. Fantasiava a respeito das pessoas que via na rua. Havia uma história para cada um, tal qual um filme em alta-resolução contendo apenas alguns segundos. Eram filmes do "balacobaco", palavra que a avó costumava pronunciar e que repetia sempre às gargalhadas. Na ocasião de um encontro, imaginava a roupa que o indivíduo estaria vestindo, os pensamentos que teria a seu respeito, atitudes tomadas e além. Aproximando-se da hora marcada, uma ansiedade subia por seu estômago, fazia com que o corpo tremesse e as idéias se confundissem em sua cabeça deveras sonhadora. Escutou de dentro do banheiro onde acabava de fazer a maquiagem o celular tocar e vibrar sobre a mesa de cabeceira. Esse aparelhinho que muitos usam para falar, para ela era quase um ícone, um símbolo de liberdade, de ascensão e promoção social, munido com o toque peculiar: a  música Satisfaction  da banda Rolling Stones. Ao atender discerniu a voz de Carlos que falando de maneira apressada disse para ela o encontrar na esquina, pois estava com dificuldades para chegar devido ao congestionamento na avenida próximo a casa dela. Ana desligou o celular e, com um salto, pegou sua bolsinha de paetês  furta-cor dependurada no cabideiro atrás da porta. Lá foi a moça sobre os paralelepípedos com seus saltos brancos agulha, deslizando ao chegar na ladeira em frente a avenida principal. Uma grande ladeira com casas de um lado e do outro. Do alto, via-se o bairro onde Ana morava e os bairros vizinhos, um grande conglomerado que tinha a avenida principal ao meio, essa sempre movimentada. As diversas luzes dos postes de iluminação pública do bairro se juntavam a um turbilhão de outras luzes provenientes de casas, restaurantes, bares, boates e clubes, todos agitados e apinhados de pessoas as quais aproveitavam a noite quente de verão para divertirem-se. Ao se aproximar da esquina, Ana depara-se com Laura e o namorado André dentro do carro dele em frente a casa de Laura. O som do carro estava bem alto e, lá dentro, os dois discutiam e gesticulavam nervosamente. Ao passar por eles, Ana bateu no vidro do carro e deu um tchauzinho ao que os dois ficaram surpreendidos e, acalmando os ânimos, despediram-se. Laura abriu a porta do carro e saiu caminhando na direção de Ana  para perguntar onde ela estava indo naquela hora. Laura, com a voz ainda alterada, dirigiu-se a Ana, procurando não demonstrar todo nervosismo que a acometera devido a discussão com André: -  Onde a piriguete pensa que vai a essa hora da noite hein? - As duas gargalham de forma estridente! -  Vou encontrar com o Carlos. Nós marcamos de sair hoje, disse Ana. Hummm, diz Laura. Então hoje tem. Ana responde: - Não sei! Ele nunca me leva a lugar algum. Agente se encontra, dá uns amassos dentro do carro, aí depois ele me deixa em casa. Você dá muito mole amiga! Diz Laura em tom de deboche. E você? Pergunta Ana: Por que estava gritando com o André? Laura ficou sem graça e, com a voz embargada disse: Amiga, é o André. Ele anda recebendo ligações da Lúcia. Aquela vadia fica mandando mensagem e se oferecendo para o meu namorado. Eu sei que ele dá confiança para ela e, por isso, ela não desiste dele. É uma vagaba que anda com tudo quanto é homem aqui do bairro. Até com o Maurício que é casado, ela estava se enroscando com ele lá no pagode. Ana logo imaginou: Só poderia ser por ciúme que a Laura estava brigando daquele jeito. Mais umas palavras trocadas, as duas se despediram e Ana continuou seu caminho andando meio ofegante a ponto de quase virar o pé, pois um dos saltos prendeu em um vão entre os paralelepípedos.  Deu mais alguns passos e viu parado na esquina o carro de Carlos e ele ao celular. O celular de Ana tocou no mesmo instante e, sorrindo, ela disse: Estou pertinho de você. Olhe para o lado! Carlos virou-se e viu Ana chegando de sainha branca bem coladinha e uma blusa floral vermelha no estilo tomara que caia. De saltinhos agulha e roupinha coladinha! Carlos pensou: - Que delícia essa morena está! Saiu do carro e, para mostrar que era um bom moço, o que era raro fazer já que não era tão bom assim; abriu a porta para a mulher entrar. Ana acomodou-se no banco do carona. Carlos entrou mais que prontamente já esticando as mãos para enlaçar a cintura de Ana. Sorrindo, ele deu um beijo daqueles que deixa zonza a garota mais esperta e despejou a conversa mole: - Poxa gata, você está arrasando hoje! Assim eu fico com ciúme. Esses malandros olhando para você aí pela rua. Um monte de urubuzada de olho na minha moreninha. Se algum deles mexer com você, pode me dizer que eu vou lá acertar as contas com ele. Ana escangalhou de rir de um canto ao outro da boca, aquele sorrisinho travesso, cheio de malícia o qual vinha com o seguinte pensamento: - Mentiroso! Ao mesmo tempo, o lado sonhador de Ana quis acreditar na conversa de Carlos, então sussurrou por dentro: E se for verdade, sua boba? Dá uma chance para ele. Mulheres sempre se deixam enganar quando é do interesse delas e Carlos interessava muito para Ana, principalmente no que dizia respeito ao bolso. Quanto a aparência nem tanto, mas a fama do rapaz era a de ser bom de pica, ou seja, as garotas corriam atrás dele porque além de ter um bom emprego, ele era bom em outros aspectos também. Quanto ao caráter, sem sombra de dúvida, era péssimo, embora nunca admitisse ou, ao menos pensasse que achavam isso dele, mas suas atitudes deixavam bem claro o bisca que era. - Eu sou bom com quem é bom comigo, quanto aos meus inimigos é preferível que nem passem em meu caminho. Além de ser gente boa, eu me considero justo, também gosto das coisas certas e não admito levar desaforo para casa nem que falem da minha vida. Tenho muitos amigos, sabe como é. Qualquer coisa que acontecer para você, para a sua família ou com algum dos meus chegados, eu entro em contato com um daqueles e logo resolvo o assunto.
Carlos perguntou à Ana onde gostaria de ir ao que ela respondeu: - Vamos tomar uma cerveja no bar próximo ao Clube Recreativo, lá na rua da Igreja Matriz. Carlos não costumava frequentar esse bar, mas para agradar a mulher, mesmo que fosse só por aquela noite, fez a vontade dela. Pensou: - Se não a levo a lugar algum hoje, ela não vai querer mais sair comigo, então vou perder para outro. Depois que tiver o que quero, não vou mais precisar agradar ela, aí voltarei quando quiser. Claro, posso voltar mais vezes se for tão bom quanto imagino. Olhou para as coxas de Ana e corrigiu o próprio pensamento: - É rapaz... Que gostosa! Vale muito a pena.
Chegaram ao bar e se acomodaram em uma mesa no canto do estabelecimento. Com um assovio Carlos chamou atenção do garçom que já trazendo o cardápio a tira-colo perguntou o que gostariam de beber. O moço pediu uma cerveja e falou para que Ana escolhesse um tira-gosto para acompanhar. Ana apanhou o cardápio que o garçom havia posto em cima da mesa e questionou: - Carlos, o que você quer comer? - Pergunta infame essa - ao que ele respondeu sem delongas: - Pode ser você? Logo em seguida os dois riram e, com ar de inocência, sem ser inocente coisa alguma, ele disse: - Estou brincando, mas se quiser que seja verdade, estamos aí! Ana sorriu e deu um beijo em Carlos, aproximou-se do ouvido do rapaz e sussurrou a seguinte frase: - Se você fizer direitinho, prometo que também faço valer a pena. O rapaz estremeceu e ficou excitado a ponto de apertar a cintura de Ana diante dos frequentadores do bar. Ela disse: - Calma gato, agora é cedo.
Uma, duas, três, sete, nove cervejas foram consumidas. Carlos e Ana gargalhavam e não tiravam as mãos um do outro. A cada momento, ele a beijava e ela, para provocar, roçava os lábios na nuca dele.
Saíram do bar lá para a meia-noite. Carlos estava meio alto, mas conseguia dirigir já que não eram só nove cervejas que o impediriam de dirigir o seu adorado carro e, principalmente, de levar Ana para algum lugar "mais sossegado". Saíram e caminharam agarrando-se na direção do carro. Ao chegar ao carro, Ana se apoiou no veículo, pois estava um pouco zonza devido às cervejas que havia bebido. Carlos, ao ver que Ana estava  um pouco embriagada, perguntou se ela estava passando mal. Ana respondeu: - Não, Carlos. Estou bem!  Só que hoje está muito quente e exagerei na bebida. Carlos abraçou Ana e os dois começaram a se beijar e apertar junto do porta-malas do carro de Carlos. O automóvel havia ficado em um local de penumbra, longe dos olhos curiosos, embaixo de uma mangueira que impedia que a iluminação pública clareasse bem onde eles estavam. Carlos e Ana continuavam a se apertar e se beijar ali no escurinho. O moço segurava os seios da morena, apertando-os ferozmente, mas de maneira a causar prazer tanto para ele quanto para a mulher. Ana sentiu que Carlos estava ficando completamente excitado, pois ele a segurou pelas nádegas e apertou o volume da calça junto dela.   Ana começava a ficar ofegante enquanto o rapaz alisava suas coxas e apertava forte o quadril dela junto do carro. Carlos, então, ergueu Ana e começou a esfregar o volume em sua saia. Ana estava completamente molhada e sua calcinha rosa já não segurava o líquido íntimo que vazava através do forro. Ana, então, ao perceber que Carlos iria transar com ela ali mesmo, desvencilhou-se do rapaz e foi em direção a porta do carro, arrastando o homem junto dela. Carlos ainda pegou Ana por trás e tentou forçar que ficasse de bruços sobre  capô do carro, ao que ela mesmo achando a ideia maravilhosa, recusou e para que ele não prosseguisse tratou logo de bancar a esperta e fugir das garras de Carlos dizendo que seria melhor que entrassem no veículo pois alguém poderia vê-los. Já dentro do automóvel, Carlos, do banco do motorista, puxou Ana para cima de si e começou a beijar e acariciar o corpo da morena que para subir em cima do rapaz, contorceu-se a fim de que as pernas não enganchassem na caixa de direção. Ali ficaram se tocando e beijando ardentemente, esfregando-se de forma progressiva e pregressa. Os gemidos dentro do carro e o calor ia aumentando a ponto de os vidros ficarem embaçados pela transpiração. Carlos apertava os seios de Ana e o membro em sua calcinha que já estava molhada. Ana ao sentir o membro duro do rapaz, apertava a vulva na direção do sexo dele e rebolava sensualmente. Os dois permaneceram naquele clima de êxtase o qual deixaria excitado até o mais "santo" que passasse naquele local. Já não aguentando mais, a ponto de tirar o membro para fora e penetrar Ana ali mesmo, Carlos imaginou que se fosse flagrado naquelas condições, não teria como se explicar, então convidou Ana para que fosse à casa dele. Ana, sem hesitar, balançou a cabeça positivamente. Carlos morava no bairro colado ao de Ana, umas quatro quadras depois da casa dela. Carlos dirigia rápido. Ana disse para ele: - Tome cuidado cara! Eu quero chegar viva em casa. Carlos disse: - Calma, estamos chegando. Virou a esquina e entrou em uma rua pouco iluminada, pois muitas das lâmpadas dos postes estavam quebradas. Parou em frente a uma casa que parecia estar em reforma. Ana imaginou que a casa estivesse em reforma, pois havia muito entulho na calçada, tijolos a mostra na fachada e no muro. O piso do chão fora arrancado e só estava no cimento. Carlos disse para Ana: - Não repare na bagunça. Estou consertando a casa que comprei recentemente. Era da família de uma amiga da minha mãe só que ninguém quis, pois estava muito ruim. Ana, um pouco ressabiada, respondeu: - Imagine, não sou de reparar a casa dos outros. Você mora aqui sozinho? Sim, Ana, eu moro sozinho. Morava com minha mãe, mas agente tem que aprender a ser virar, não é? Por isso, deixei de morar com a minha mãe e comprei esse "barraco" para mim. Os dois passaram pela sala a qual era minúscula e possuía por mobília apenas uma televisão sobre uma mesinha de pernas de ferro e uma poltrona de dois lugares. Atravessaram um corredorzinho onde havia um banheiro, deparando-se com a porta do quarto. O quarto também era mal iluminado. Ao olhar em volta reparavam-se manchas de dedos na parede, também insetos esmagados os quais pareciam formar uma constelação de corpos sobre a tinta velha que revestia aquela. No canto direito, próximo a porta havia uma poltrona antiga, dessas que imitam couro. Aba reparou que a poltrona pendia para um dos lados, olhou melhor e constatou haver sob ela um tijolo fazendo as vezes de pé. O forro da poltrona era um caso a parte - turquesa - já amarelado nas costas e assento, parecia mais ser verde-limão com turquesa ou só limão. Riu consigo mesma: só mesmo um suor ácido "pra caralho" pode corroer a cor desse jeito. Ao fechar a porta após si, Carlos agarrou Ana por trás, apertando os seios da mulher e mordendo a nuca da mesma deixando-a completamente excitada. Naquele instante, Ana nem se lembrava mais da sujeira nas paredes ou do velho sofá com o enchimento saindo pelos rasgados na lateral do estofamento. Ainda a segurando por trás, fez com que ela se apoiasse na cama, esta que era de madeira, com um colchão também em condições não favoráveis e lençóis gastos. A essa altura, Carlos estava com o membro tão ereto e duro que aparecia a saliência na calça jeans. Ali, ao ver a mulher de costas, com aquela sainha branca apertada, as nádegas redondinhas prontas para serem acariciadas, apertadas, esbofeteadas por sua pélvis que já se movimentava  em ondulações para perto, antecipando o vaivém do sedendo cio másculo. Ana se apoiou sobre os joelhos, oferecendo a sua bundinha ainda de calcinha e dizendo: - Vem, delícia! Vem e mete gostoso em mim! Carlos empurrou a sainha de Ana para cima e arrancou sua calcinha com toda a força, abrindo o zíper da calça jeans e penetrando até o fundo sua boceta ao que Ana soltou um gemido longo, xingou e gritou: Caralho! Me fode assim! hummmm! Com a sainha empurrada para cima e de quatro, Ana mexia-se para frente e para trás. Carlos segurava pela cintura da mulher conduzindo a dança. Um espetáculo de foda. Carlos gemia, metendo o pau em Ana e dizendo: hummmmmm gostosa! Valeu a pena esperar para ter essa bocetinha. Ana entre gozos, insinuou-se ainda mais, empinando a bundinha e dizendo: - É toda sua gato. Me come, me come assim! O quarto com cheiro de mofo e sexo, suava. As paredes agitavam-se salpicadas de pernilongos e outros bichos que observavam o movimento semelhante ao deles, animalescos estavam Carlos e Ana. Ela gemia feio louca rebolando enquanto ele penetrava ela ritmicamente, forte mas com jeito. Um fodedor profissional, não desses que só pensa em se realizar e pronto mas, um macho tipo "AV" de Amante Verdadeiro. Um cara que, sinceramente, todas as mulheres reconheceriam como um safado sem nenhuma correção, porém que sabia o que fazer com uma mulher. Ele tinha o charme, o "borogodó" que elas queriam. Fazia de um jeito que as deixava com vontade de mais. Volta e meia, as garotas batiam em sua porta a sua procura. Agora, Carlos encontrava com Ana todos os finais de semana. Dizia que ela era "sua namorada" e ameaçava os que tentavam aproximar-se dela. Chegou a dar um sacode em Ivan que andava cercando Ana na saída do trabalho. Ana, também, ficava cada vez mais safada a ponto de se esfregar com outros caras perto da casa de Carlos só para ele ficar sabendo e vir tirar satisfação com ela. Com o tempo, os dois foram morar juntos. Era um inferno todos os dias em que  Carlos chegava em casa cheirando a cerveja e com as roupas amassadas. Ana não deixava barato. Ia para a casa da amiga Sônia e lá ficava até pela manhã. As mulheres do bairro diziam que Ana e Sônia eram amantes e que Ana inventava brigas com Carlos para poder ir se encontrar com Sônia, porém isso era falatório do povo. Ana ia para a casa da amiga a fim de reclamar a respeito de Carlos e tramar maneiras de se vingar do namorado. Nas manhãs seguintes a esses episódios, Ana sempre voltava para a casa com uma história na mente e uma maquinação a cumprir. Fazia e acontecia até com os amigos de Carlos, claro, sem que ele soubesse diretamente, mas depois ela se arrependia e a reconciliação acontecia de forma mais quente que as cenas do primeiro encontro, com roupas sendo rasgadas, barulhos no chão e pelas paredes, móveis arrastados, tapas, mordidas e gritos de prazer. Reconheciam ao término de cada maratona de reconciliamento: - Nós somos farinha do mesmo saco. Não valemos nada! Você é uma safada e eu também, por isso nós nos entendemos. Eu te amo minha morena gostosa.

Joice Furtado - 02/01/2013